Parte MOTOCICLETAS do relatório apresentado por Vicente Bicudo como Conselheiro Temático de Transportes do "Fórum SP século 21", anterior ao Plano Diretor da Gestão Marta Suplicy.
MOTOCICLETAS
1- O achatamento da pirâmide
salarial aumentou a base na faixa acima de três salários mínimos, em que em São
Paulo a moto economiza 2/3 do tempo de transporte do trabalhador, que não tem
Transporte de Massa com qualidade da origem ao destino comparáveis a Curitiba
ou às metrópoles de outros países. Agrava São Paulo a Lei do Zoneamento que obriga toda a população
a tomar condução para ir ao supermercado, à farmácia, à escola, ao trabalho, ao
médico, à indústria etc. Os grandes conjuntos habitacionais estão, pela
referida lei, em áreas proibidas para atividades industriais ou de grandes
demandas de emprego. A criada
necessidade de transporte foi o que mais se desenvolveu na cidade sem Plano Diretor, obrigatório
por lei federal, mas não cumprida pelos sucessivos prefeitos e vereadores. São
Paulo é órfã de Prestes Maia.
2- Os congestionamentos de São Paulo desenvolveram a atividade de motofrete. O Departamento de
Transportes Públicos da Secretaria Municipal de Transportes está regulamentando
a atividade identificando os prestadores de serviços, a exemplo do que ocorre
com os taxistas. A CET ministrará cursos para motoboys, que os habilitará a motofretistas.
3- Nos últimos 5 anos com o Plano Real tivemos o desenvolvimento das
indústrias fabricantes que aprimoraram a qualidade e deflacionaram os preços
dos modelos populares. Através de consórcios de compra, com mensalidades de
aproximadamente R$ 70,00, tornou a motocicleta o único veículo motorizado acessível a quem recebe 3 salários mínimos.
4- A produção nacional foi em
1993 de 70.000 motocicletas, e este ano será de aproximadamente 550.000 unidades das quais 45.000 serão
exportadas e teremos 65.000 importadas, conforme declara a ABRACICLO. A
produção mundial é de 14 milhões de motos por ano. O aumento de produção de
mais de sete vezes em sete anos corresponde à uma expectativa maior, que o Brasil oferece para os próximos anos.
Na cidade de São Paulo deverá ser significativo o aumento percentual de motos no trânsito, alterando o fluxo, os
arranques na abertura do semáforo, a atenção dos motoristas com o
distanciamento lateral entre veículos, largura de faixas etc. No desenho viário inexiste hoje a preocupação
com motocicletas. Este fato uniu os motociclistas, e espontaneamente gerou
uma solidariedade entre eles, demonstrada sempre que um acidente de trânsito
envolva qualquer um deles. Isto é chocante uma vez que os sentimentos maiores
que marcam a metrópole é o anonimato e a falta de solidariedade humana.
Para o conflito existente
entre carros e motos, e que deverá ser bem maior, necessitamos de soluções, que
tenham a responsabilidade de salvar vidas. Hoje a falta delas já é responsável
pelo maior número de mutilações, conforme declara a Ortopedia do Hospital das
Clínicas.