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terça-feira, 24 de julho de 2012

São Paulo Século 21 - Transportes


Assembléia Legislativa de São Paulo
Relatório apresentado por Vicente Bicudo como Conselheiro Temático de Transportes do "Fórum SP século 21", anterior ao Plano Diretor da Gestão Marta Suplicy.


Análise das perspectivas
As gerações que nos sucederão cobrarão, com todo direito, nossa eficiência na responsabilidade hoje assumida de antevisão dos anos futuros.
O século que termina iniciou indo-se à Europa de vapor que também propulsionava os trens que construíram a geografia deste Estado, e ia-se para casa por tração animal. Santos Dumont, em 1907, ao fazer o primeiro vôo do 14 Bis não poderia imaginar um aeroporto como Cumbica que, após dez anos de sua inauguração, tem movimento duas vezes maior que sua expectativa máxima.

GOVERNO DOS ESTADOS UNIDOS
Trago a experiência de, através da Teperman, ter trabalhado há 27 anos na Rohr Vehycles, contratada para desenvolver os veículos do Programa de Transporte de Massa Para o Ano 2000 do DOT - Departament of Transportation do Governo dos Estados Unidos; portanto, há mais de um quarto de século preparam- se em função de uma antevisão do futuro por deliberação do executivo federal.
Este programa era integrado intermodalmente visando economia de energia, economia de petróleo, desenvolvimento industrial do país pelo desenvolvimento de tecnologia com garantia de mercado e emprego, eliminar a poluição, investindo em muito mais rápidos, mais seguros, mais confortáveis e não poluentes veículos de transporte de massa para atrair os hoje passageiros de carros particulares que geram ônus ao Estado, obrigando-o a aumentar exponencialmente os investimentos em ruas  e rodovias.
As vias urbanas são investimentos sem retorno e com aumento da despesa de manutenção.
Dos veículos desenvolvidos, só o ônibus não era elétrico, por isso, paralelamente, o governo investia e incentivava a pesquisa de geração não poluente de energia elétrica a baixo custo. Até quando acompanhei, a melhor solução de geração era por pequenas usinas modulares hidroelétricas pela energia das marés, feita pela Shell de San Diego.
Assim, o programa era composto por:
·       VEÍCULOS URBANOS:
1.    ônibus urbano a gás líquido;
2.    ROMAG Cabine elétrica com percurso programável pelos próprios passageiros sob malha elevada de monotrilho, cobrindo os principais percursos do centro urbano; motor eletromagnético sem peças móveis.

·       VEÍCULOS DE LIGAÇÃO PONTO A PONTO, COM MOTOR DE INDUÇÃO LINEAR:
1.    Mini - Aerotrem,
2.    Aerotrem, e
3.    Trem Rápido.
Todos estes veículos, exceto o trem rápido, têm protótipos feitos pela Rohr, testados e aprovados pelo DOT desde 1972, mais de um quarto de século.

COMPANHIA TEPERMAN
A partir de 1969, durante 28 anos, até falir, a Teperman, com tecnologia e capital brasileiro, foi o único fornecedor de bancos para os veículos Aerotrain DOT-USA, WMATA - metrô de Washington, BART - metrô de San Francisco, SCRTD - metrô de Los Angeles, NVTC - subúrbio do North Virgínia, além de outras exportações como know-how para bancos dos futuros veículos da Kotobuki-Japão e o Estudo de Habitabilidade das Naves Shuttle para a NA Rockwell-NASA.
Desenvolveu e forneceu os bancos e interiores dos 5 pioneiros aviões Bandeirantes, Ipanema e linha aviões leves para Embraer, e avião laboratório para FAB - Parque da Aeronáutica - SP.
A partir de 1969, vencendo concorrência internacional feita pela Rohr, como responsável pelo Departamento de Desenvolvimento Industrial, com mais de 20 profissionais que se destacaram na tecnologia industrial brasileira, desenvolvemos pioneiramente vários materiais e processos utilizados na fabricação do Aerotrain, testados e aprovados pelo DOT, tais como:
a.       ligas aeronáuticas de alumínio estrudado de alta resistência produzidas pela AISA Pindamonhangaba e posteriormente pela ALCOA Itapissuma;
b.       liga de alumínio fundido, de alta resistência, com apoio da Engenharia da VASP e desenvolvido pelo eng.o Flávio Mamede;
c.       espuma de Neoprene com selfskin, não propagadora de chama e sem liberação de gás tóxico, produzida pela Getoflex com apoio técnico da Dupont, produto Labortex criado e desenvolvido pelo engenheiro Flávio Mamede e pelo químico Pedro Cervera;
d.       espuma de Neoprene produzida na Companhia Teperman pelo químico Pedro Cervera com apoio técnico da Dupont; que desenvolveu simultaneamente.
e.       tecido não propagante de chama, norma FAA;
f.       termoplástico PLASTALOI desenvolvido com a PLAVINIL, não propagador de chama, norma FAA, que posteriormente liberamos as vendas para a Embraer e Marcopolo;
g.       plástico não propagador de chama, para tapeçaria, desenvolvido pela PLAVINIL;
h.       moldagem com fibra de carbono e Kevlar em tecidos e mantas pré-preg;
i.       fiberglass que carboniza sem emitir chama, sem gotejar, com baixa emissão de fumaça, atendendo ASTM 162 e 662, desenvolvido e fabricado pela TEPERMAN, usado nos carros do Metrô SP Linha Leste-Oeste e especificado GEIPOT - ônibus Padron.
j.       painéis sanduíche de forração interna dos aviões leves linha PIPER da Embraer, não propagante da chama, desenvolvido para a Embraer e produzido pela TEPERMAN, quando o original era propagante da chama.
Nestes projetos e quando desenvolvemos para a Boeing poltronas de passageiros, tivemos apoio técnico da engenharia da VASP, chefiada pelo eng.o Roberto Cossi; da manutenção da TRANSBRASIL, chefiada pelo cmdte. Macedo; do CTA de São José dos Campos, do IPT da USP; Avioninteriors da Itália; Rohr; UOP; e PL Porter dos Estados Unidos. O controle de qualidade foi feito pela L.T. Klauder licenciando aqui a Orplan, que depois serviu ao Metro SP.

FEI-DPV NO BRASIL
Da experiência no projeto americano transferi parte ao Brasil, através de um convênio da Teperman com a FEI - Faculdade de Engenharia Industrial - que então criou o DPV - Departamento de Projetos de Veículos - sob o comando do projetista automobilístico Rigoberto Soler. O FEI-DPV iniciou seus projetos com um veículo hovercraft, denominado X1, apropriado a fuzileiros navais na Amazônia; com alunos que estagiavam na Teperman, desenvolveu também o TAL e posteriormente o TALAV.
O TAL é uma adaptação do ROMAG às nossas facilidades produtivas, inicialmente proposto para correr ao longo da W3 em Brasília, e só não continuado por discussão pessoal entre o relações públicas argentino do DPV e o então ministro Pratini de Morais.