Assembléia Legislativa de São Paulo
Relatório apresentado por Vicente Bicudo como Conselheiro Temático de Transportes do "Fórum SP século 21", anterior ao Plano Diretor da Gestão Marta Suplicy.
Análise das perspectivas
As
gerações que nos sucederão cobrarão, com todo direito, nossa eficiência na
responsabilidade hoje assumida de antevisão dos anos futuros.
O século que termina iniciou indo-se à Europa de vapor que também
propulsionava os trens que construíram a geografia deste Estado, e ia-se para
casa por tração animal. Santos Dumont, em 1907, ao fazer o primeiro vôo do 14
Bis não poderia imaginar um aeroporto como Cumbica que, após dez anos de sua
inauguração, tem movimento duas vezes maior que sua expectativa máxima.
GOVERNO DOS ESTADOS UNIDOS
Trago
a experiência de, através da Teperman, ter trabalhado há 27 anos na Rohr
Vehycles, contratada para desenvolver os veículos do Programa de Transporte de Massa Para o Ano 2000 do DOT -
Departament of Transportation do Governo dos Estados Unidos; portanto, há mais
de um quarto de século preparam- se em função de uma antevisão do futuro por
deliberação do executivo federal.
Este
programa era integrado intermodalmente visando economia de energia, economia de
petróleo, desenvolvimento industrial do país pelo desenvolvimento de tecnologia
com garantia de mercado e emprego, eliminar a poluição, investindo em muito
mais rápidos, mais seguros, mais confortáveis e não poluentes veículos de
transporte de massa para atrair os hoje passageiros de carros particulares que
geram ônus ao Estado, obrigando-o a aumentar exponencialmente os investimentos
em ruas e rodovias.
As
vias urbanas são investimentos sem retorno e com aumento da despesa de
manutenção.
Dos
veículos desenvolvidos, só o ônibus não era elétrico, por isso, paralelamente,
o governo investia e incentivava a pesquisa de geração não poluente de energia
elétrica a baixo custo. Até quando acompanhei, a melhor solução de geração era
por pequenas usinas modulares hidroelétricas pela energia das marés, feita pela
Shell de San Diego.
Assim, o programa era composto por:
·
VEÍCULOS
URBANOS:
1.
ônibus urbano a gás líquido;
2.
ROMAG Cabine elétrica com percurso
programável pelos próprios passageiros sob malha elevada de monotrilho,
cobrindo os principais percursos do centro urbano; motor eletromagnético sem
peças móveis.
·
VEÍCULOS
DE LIGAÇÃO PONTO A PONTO, COM MOTOR DE INDUÇÃO LINEAR:
1.
Mini - Aerotrem,
2.
Aerotrem, e
3.
Trem Rápido.
Todos estes veículos, exceto o trem rápido, têm protótipos feitos pela
Rohr, testados e aprovados pelo DOT desde 1972, mais de um quarto de século.
COMPANHIA TEPERMAN
A partir de 1969, durante 28 anos, até falir, a Teperman, com
tecnologia e capital brasileiro, foi o único fornecedor de bancos para os
veículos Aerotrain DOT-USA, WMATA - metrô de Washington, BART - metrô de San
Francisco, SCRTD - metrô de Los Angeles, NVTC - subúrbio do North Virgínia,
além de outras exportações como know-how para bancos dos futuros veículos da
Kotobuki-Japão e o Estudo de Habitabilidade das Naves Shuttle para a NA
Rockwell-NASA.
Desenvolveu e forneceu os bancos e interiores dos 5 pioneiros aviões
Bandeirantes, Ipanema e linha aviões leves para Embraer, e avião laboratório
para FAB - Parque da Aeronáutica - SP.
A partir de 1969, vencendo concorrência internacional feita pela Rohr,
como responsável pelo Departamento de Desenvolvimento Industrial, com mais de
20 profissionais que se destacaram na tecnologia industrial brasileira,
desenvolvemos pioneiramente vários materiais e processos utilizados na
fabricação do Aerotrain, testados e aprovados pelo DOT, tais como:
a.
ligas
aeronáuticas de alumínio estrudado de alta resistência produzidas pela AISA
Pindamonhangaba e posteriormente pela ALCOA Itapissuma;
b.
liga de alumínio
fundido, de alta resistência, com apoio da Engenharia da VASP e desenvolvido
pelo eng.o Flávio Mamede;
c.
espuma de
Neoprene com selfskin, não propagadora de chama e sem liberação de gás tóxico,
produzida pela Getoflex com apoio técnico da Dupont, produto Labortex criado e
desenvolvido pelo engenheiro Flávio Mamede e pelo químico Pedro Cervera;
d.
espuma de Neoprene
produzida na Companhia Teperman pelo químico Pedro Cervera com apoio técnico da
Dupont; que desenvolveu simultaneamente.
e.
tecido não
propagante de chama, norma FAA;
f.
termoplástico
PLASTALOI desenvolvido com a PLAVINIL, não propagador de chama, norma FAA, que
posteriormente liberamos as vendas para a Embraer e Marcopolo;
g.
plástico não
propagador de chama, para tapeçaria, desenvolvido pela PLAVINIL;
h.
moldagem com
fibra de carbono e Kevlar em tecidos e mantas pré-preg;
i.
fiberglass que
carboniza sem emitir chama, sem gotejar, com baixa emissão de fumaça, atendendo
ASTM 162 e 662, desenvolvido e fabricado pela TEPERMAN, usado nos carros do
Metrô SP Linha Leste-Oeste e especificado GEIPOT - ônibus Padron.
j.
painéis sanduíche
de forração interna dos aviões leves linha PIPER da Embraer, não propagante da
chama, desenvolvido para a Embraer e produzido pela TEPERMAN, quando o original
era propagante da chama.
Nestes projetos e quando desenvolvemos para a Boeing poltronas de
passageiros, tivemos apoio técnico da engenharia da VASP, chefiada pelo eng.o
Roberto Cossi; da manutenção da TRANSBRASIL, chefiada pelo cmdte. Macedo; do
CTA de São José dos Campos, do IPT da USP; Avioninteriors da Itália; Rohr; UOP;
e PL Porter dos Estados Unidos. O controle de qualidade foi feito pela L.T.
Klauder licenciando aqui a Orplan, que depois serviu ao Metro SP.
FEI-DPV NO BRASIL
Da
experiência no projeto americano transferi parte ao Brasil, através de um
convênio da Teperman com a FEI - Faculdade de Engenharia Industrial - que então
criou o DPV - Departamento de Projetos
de Veículos - sob o comando do projetista automobilístico Rigoberto Soler.
O FEI-DPV iniciou seus projetos com um veículo hovercraft, denominado X1, apropriado a fuzileiros navais na
Amazônia; com alunos que estagiavam na Teperman, desenvolveu também o TAL e posteriormente o TALAV.
O TAL é uma
adaptação do ROMAG às nossas
facilidades produtivas, inicialmente proposto para correr ao longo da W3 em
Brasília, e só não continuado por discussão pessoal entre o relações públicas
argentino do DPV e o então ministro Pratini de Morais.