A TODO INSTANTE EXISTEM MILHARES SENTADOS EM BANCOS DO BICUDO
E FABRICAÇÃO TEPERMAN
A CTE-Teperman nasceu e cresceu com a indústria
automobilística brasileira, fornecendo assentos e painéis de forração interna,
com 1.200 funcionários em 22.000
m2 de área industrial coberta.
Ampliou ao exportar de 1972 a 1995, como único
fornecedor dos bancos dos carros dos metrôs de Washington WMATA, San Francisco
BART, Los Angeles SCRTD e North Virginia NVTC, atendendo às mais atualizadas exigências
de segurança e qualidade, ainda não exigidas na aviação.
A CTE-Teperman de Marcos Ocougne, Milly Teperman e
Michel Loeb, teve o sonho de um carro envolto em para-choques de borracha
idealizado pelo arquiteto Sérgio Bernardes; estudou móveis com Abrão Sanovics e
Júlio Katinsky.
Nela trabalhou o arq. Lívio Levi, sucedido desde 1965 pelo eng.
arq. Vicente de P. B. Bicudo até 1995,
quando ela, juntamente com suas concorrentes nacionais, encerrou suas
atividades com a entrada no Brasil das maiores fornecedoras automobilísticas do
mundo.
Bicudo popularizou o estilo da Poltrona Mole de
Sérgio Rodrigues, lançando sofá e poltrona "Fofinho", primeiro
conjunto de sala brasileiro em tubo de aço; Mappin, Mesbla e Teperman venderam
4.000 jogos, recorde em 1965.
Em 1966, assumiu a chefia da Engenharia, quando
projetou uma linha completa e inovadora de bancos de ônibus que predominou no
mercado nacional. Nesta ocasião o Brasil
inovou mundialmente lançando ônibus com sanitário, janelas contínuas, traseira
cega, geladeira, poltrona leito e cabine do motorista.
A Breda, ligou Congonhas-Viracopos com poltrona de
ônibus do Bicudo, com mesinha de avião, porém com absorsor de vibrações. No ônibus Gaivota, design do arquiteto Rosa,
da CAIO, Bicudo também inovou ao lançar a poltrona leito a qual apóia pernas embutidas
sob o assento como anos depois passou a ser usada na primeira classe dos
aviões. Ônibus leito é invenção brasileira.
A Teperman exportou para o México mais de 1.000
jogos de poltronas de ônibus, como também para boa parte da América Latina e
África.
No Dep. de Pesquisa e Desenvolvimento Industrial,
Bicudo adaptou os bancos de ônibus para ferrovias e barcos usados em todas as
ferrovias e nos rios São Francisco e Paraguai.
Desenvolveu o primeiro cinto de segurança no
Brasil, testado no CTA e adotado nos aviões Neiva, para os quais fez os bancos.
Fez os bancos e painéis para avião laboratório FAB
no Parque da Aeronáutica SP, avião lpanema e dos 5 primeiros Bandeirante
Embraer.
Em 1970, entrou para aprender e venceu o concurso
de projeto com execução dos bancos do Aerotrain do governo dos EUA. Após a exportação das poltronas do protótipo
foi convidado a participar e venceu de 1971 a 1995 todos os concursos de projeto e
execução dos metrôs de Washington com mais de 30.000 bancos exportados, San
Francisco mais de 9.000 bancos e ganhou o projeto, com a execução feita no
Canadá, do TATOA de Toronto.
Convidado, fez em 1973 o estudo dos bancos dos
tripulantes e especificação dos interiores dos ônibus espaciais Shuttle - NASA
pela NA Rockwell, uma das acionistas da CTE-Teperman. Eles até hoje estão voando.
A CTE Teperman fez convênio com a faculdade FEI -
Dep. de Projeto de Veículos sob direção de Rigoberto Soler, desenvolvendo com
protótipos: hovercraft XI, monocabine TAL e Aerotrain TALAV; estes dois últimos
eram reprojetos de projetos dos EUA, nos quais Bicudo trabalhou.
Em 1994, exportou projeto dos bancos para futuros
carros metroviários Kotobuki do Japão, usando sua patente internacional de
bancos cantelever e fazendo a primeira exportação brasileira de know-how para o
Japão.
Bicudo projetou poltronas de auditório usadas em
dezenas de lugares após vencer concursos como restauro do Maracanãzinho-RJ,
teatros do BNH-RJ, o Plenário da Assembléia Legislativa-MG, Palácio das
Artes-BH-MG, Canal da Música-Curitíba, etc.
Projetou a
poltrona Sling, exportando 6.000 para a FW Wooiworth e premiada pelo IAB-SP.
Também recebeu o prêmio IAB pelo banco flexível
para trator, adotado então por todas fábricas nacionais e considerado o melhor
pelo Instituto Max Plank, na Alemanha.
O Departamento de P&DI da Teperman foi uma
escola geradora de chefes de engenharia de importantes indústrias como Vitório
Marghieri, Ademar Ramos, Flávio Mamede, Sinval Olivetti, Pedro Cervera, Marcos
Cruz, Samuel Priego e Paulo Perali; e dos designers Celso Malerba, Flávio
Peres, Paulo Corrêa, Antonio Silikas e os irmãos Ricardo, Vitor e Miriam
Ayroza, dentre outros.
Pioneiramente desenvolveu no Brasil:
- Fibra de coco vulcanizada para bancos VW e MBB, e vasos substituindo o xaxim
- Fiberglass ignífugo dos metrôs exportados,
Leste-oeste - SP e pré-metrô - RJ
- Termoplástico dos bancos exportados, Embraer e
ônibus
- Forração ignífuga dos Piper Embraer
- Espuma de Neoprene dos bancos exportados
- Alumínio fundido de alta resistência para BART
- Alumínio extrusado de alta resistência para Aerotrain- DOT- EUA
- Liga de alumínio para chapas e tubos AL-7075 de alta resistência para o Aerotrain-DOT-EUA e posteriormente largamente usado pela Embraer.
Em todos os países a indústria de auto peças obrigatoriamente tem maioria do capital do país e separadamente existem as montadoras. O Presidente FHC cedendo a pressões internacionais deu esta reserva de mercado, gerando um grande desemprego, contabilizando como entrada de capital o dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT emprestado aos grupos internacionais pelo BNDES com Andrézinho Montoro, para pagarem com moeda podre de títulos da Dívida Pública Nacional. A tecnologia nacional foi substituída pela importação de projetos internacionais. José Mindlin da Metal Leve que até exportava pistões para aviões americanos, nos disse na Fiesp, que vendeu para não ter que entregar. Kasinski vendeu a Cofap para indenizar os trabalhadores e com uma loja na Av. Pacaembu passou a fabricar motos sob encomenda. A CTE Teperman faliu com mais de 1500 empregados em cinco fábricas, após emprestar de bancos 42 milhões de dólares; e todas as suas concorrentes fecharam: Probel, Acil, Resil, Lantieri, etc. Foram substituídas pelas estrangeiras Lear Seat (a maior fábrica de bancos do mundo), Woodbridge (a segunda do mundo) e Bertrand Faure (a terceira).
A Lear Seat em menos de um ano instalou uma fábrica na frente de cada montadora, a Bertrand Faure se instalou em parte dentro da Renault, etc. Aproveitaram alguns trabalhadores nossos e amputaram o desenvolvimento da tecnologia nacional. FHC foi super homenageado no exterior e vergonhosamente aqui.
Nosso diretor técnico Sérgio Loeb tentou uma Join Venture com a Bertrand Faure que após uma semana me extraindo dados do mercado, disse que não precisava de nós. Sérgio aceitou o convite da Semp Toshiba, sendo seu presidente e, até onde sei, recebeu três vezes consecutivamente fabuloso prêmio anual de mais de um milhão de dólares para o mais eficiente presidente desta multinacional. Ao cumprimentá-lo sinto um pouco de vaidade de ter trabalhado com ele, e com ele lutado por todos.