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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Desenho Industrial e Comunicação Visual


Texto encomendado, em 1972, pela Reitora da Universidade Mackenzie, Dra. Esther de Figueiredo Ferraz, distribuído aos vestibulandos. E em 1973, como Secretária da Educação 
do Governo do Estado de São Paulo, Dra. Esther de Figueiredo Ferraz, distribuiu na rede escolar de segundo grau 275 mil cópias.

Desenho Industrial e Comunicação Visual
Prof° Vicente Bicudo

A Revolução Tecnológica expandiu os processos de produção e os meios de comunicação, usando estes para dar vazão ao consumo da superprodução e alterando a estrutura social.
Assim o desenvolvimento dos meios de comunicação como a imprensa, o rádio e a televisão, resultaram na perda de significado das relações individuais, sendo gradativamente substituídas pela comunicação de massas.
A sociedade contemporânea, relacionada estruturalmente por meios coletivos de comunicação visual, auditivos ou audiovisuais, é por estes influenciada e às vezes levada a caminhos que não atendem às suas necessidades. A propaganda invade nossas casas, leituras, objetos e até nos motivam necessidades usando nosso subconsciente. As preferências estéticas se universalizam. As informações que temos são fornecidas coletivamente. Os processos de ensino, antes predominantemente de assimilação auditiva, são já predominantemente através da comunicação visual e, progressivamente, usando as conquistas tecnológicas como o ensino programado.
A produção não visa mais atender encomendas feitas pelo próprio consumidor. A superprodução atende a massa social, tendo que oferecer uma resposta a suas necessidades reais ou impostas pela propaganda. A produção em série exige um produto analisado, criado e desenvolvido para assim ser fabricado, adequados aos meios de produção, com garantia de sua aceitação como forma, uso e preço antes de qualquer importante emprego de capital.
O desenvolvimento dos produtos industriais exige um profundo conhecimento da psicologia do consumidor, sua preferência estética, funcional, relações antropométricas, econômicas e sociais.
O sucesso de um produto não é acidental. Resulta de um processo de desenvolvimento de projeto para responder a exata demanda dos consumidores. Estes, progressivamente com maiores meios de comunicação, são informados de que é conceituado internacionalmente; estão tornado-se exigentes quanto ao aspecto de que lhes é oferecido e às vezes influenciado até pela "imagem" que possuem do fabricante.
Um produto industrializado é fruto do trabalho em equipe de desenhistas industriais e engenheiros, e, é divulgado pelos comunicadores visuais.
A indústria brasileira, na fase inicial, não solicitou o desenhista industrial, visto que o produzido era vendido. Não havia sequer o produto, não havendo "porque gastar mais no projeto; isto só vai encarecer".
Objetivava-se copiar o similar importado.
Com o surgimento da competição industrial, a superprodução e a guerra da propaganda pelos crescentes meios de comunicação, algumas indústrias despreparadas entraram em crise.
As indústrias de produtos consumidos por mulheres, mais suscetíveis a televisão e revistas, solicitaram primeiramente os desenhistas industriais. Assim foram os fabricantes de produtos de beleza e eletro-domésticos. Paralelamente houve um surto de empresas de propaganda, que eram solicitadas a serviços de comunicação visual como etiquetas, rótulos, cartazes, folhetos, anúncios, logotipos e redesenhar a marca da indústria. Depois os anunciantes forçaram a mudança dos próprios veículos, principalmente as revistas, a aprimorarem sua arte gráfica.
Mais recentemente as indústrias de móveis, rádios, vitrolas, televisores, vasilhames, brindes, geladeiras, fogões, artefatos de plástico e brinquedos entraram em uma pura competição, consciente, de desenho industrial. Após a elaboração dos produtos atingiram agora a fase das embalagens; a qual junta-se um grupo maior de indústrias que têm seus produtos vendidos pelas crescentes cadeias de supermercados, onde embalagem substitui o balconista. Estes são atualmente os campos em que o desenhista industrial tem atuado no Brasil.
A maioria das indústrias ainda não desenvolve produtos, copiando ou redesenhando timidamente, numa etapa primária da industrialização, transição da produção sob encomenda para a produção em série com custos mais baixos por unidade. Não podendo pretender conquistar o mercado nem ampliá-lo, muito menos pensar em exportar.
A indústria da construção civil toma um processo de industrialização, com desenhistas industriais desenvolvendo telhas, forros, paredes, divisórias, caixilharias, armários embutidos, iluminárias, maçanetas e já temos firmas especializadas em setores completos como escritórios, cozinhas e banheiros.
Na maior parte das indústrias ainda persiste o equivoco entre o desenhista industrial e o engenheiro de produto, como antigamente aqui houve entre arquiteto e engenheiro civil. Pensa-se no desenhista industrial como o arquiteto de fachada ao qual dava-se um prédio todo projetado pedindo-lhe para mudar a fachada para uma mais bonita, como se isto bastasse para torná-lo um projeto arquitetônico perfeito. O desenho industrial é um processo que incorpora a técnica.
Ele é o início e o fim do desenvolvimento, solicitando diferentes técnicos. E o final não é a SOMA dos trabalhos, mas o PRODUTO dos confrontos e da cooperação daqueles que nele intervieram.