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segunda-feira, 9 de abril de 2012

Residência C. Bergamini - 1964, Paranavaí-PR





Em 1962, o projeto iniciou-se num terreno em L, aproveitando um muro de divisa existente, paralelo ao qual se instalou colunas segurando uma viga-calha de concreto com gárgulas que recolhiam águas vindas do muro de divisa. 
Bicudo estagiando na engenharia da CAC Cooperativa Agrícola de Cotia, onde o chefe engenheiro Takeo Kawai mostrando uma publicação do pátio com jardim japonês em que de uma calha caía uma corda que passando por um furo numa pedra com um nó segurava a mesma. A água escorrendo pela corda se espalhava pela pedra sobre um recipiente cheio de pedras, não erodindo. Bicudo influenciado pela gárgula de Ronchamps de Le Corbusier acrescentou a mesma uma corrente com esfera de concreto , interpretando dessa forma. Posteriormente esta solução foi repetida por vários colegas.
Na cidade de Paranavaí não havia nenhum engenheiro na época, Bicudo detalhou a casa ao extremo ensinando a esposa do Carlos, Irene, a interpretar os desenhos, a qual forrou todas as paredes morando em frente e a obra foi executada sem nenhum retrabalho ou erro, a única coisa alterada do projeto é o portão da rua.
Na parte superior, quatro suítes ligadas por um corredor com uma janela conversadeira, uma rampa para sala ladeando o muro e uma porta para escada ao pátio interno.
No térreo, um abrigo de autos, um portão para área de serviços, um portão de entrada para as salas, poucos degraus para o pátio interno e uma porta a direita para o escritório semi enterrado. Oposto aos degraus que está no pátio interno, a varanda da sala, a varanda da piscina e entre elas uma sala arredondada da qual Irene sem se levantar de sua poltrona via através do abrigo de autos: o portão de entrada, a porta do escritório, o portão da área de serviço e a entrada das salas, via a janela conversadeira e a porta da escada do andar superior, a varanda das salas, a varanda da churrasqueira com vestiário dos visitantes, a rampa das salas e piscina. Esta indevassável sala continha o escritório e a sala de costura da Irene.
As salas paralelas ao muro de divisa, pelo aclive do terreno era separada em três níveis, no inferior a porta do abrigo, lavabo, sala de jantar e acesso a copa/cozinha, é iluminada zenitalmente por um vidro de dois metros de diâmetro em que a insolação calculada no inverno e verão pega o jardim e a rampa que envolve a mesa de jantar. No piso intermediário, a sala de estar se prolonga sobre um espelho d'água num pátio central. No piso superior, um piano de calda e um bar integrado a varanda com a sala da Irene e que separava o pátio interno do pátio da piscina.
As janelas dos dormitórios e a porta balcão da varanda da suíte do casal são de alumínio com palhetas com inclinação reguláveis de enrolar com corrente e manivela de catraca, uma das três obras únicas da serralheria Salim Badra, as outra duas são: um edifício na Rua Cravinhos e uma residência na Rua Groenlândia quase esquina com a Av. Europa em São Paulo. É a melhor solução, porém seu Salim achou que dá muito trabalho, mas nunca deu um defeito.
Os banheiros foram os primeiros com paredes e banheira pintado em epóxi no Brasil, fabricados pelo Francisco Pini da Revista Construção.