Pesquisar neste blog

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

CONCLUSÃO DO INCENDIO DA BOATE KISS

Após o clamor nacional pela trágica morte de 242 jovens, em Santa Maria no Rio Grande do Sul, foram feitos diversos inquéritos resultando em indiciamento para condenações aos achados culpados.
Todos inquéritos foram sobre as consequências do incêndio em prédio relativo ao alvará de funcionamento sem rota de fuga, etc. Isto é, quem permitiu que funcionasse o local e quem iniciou o fogo.
O causador das mortes e intoxicações, a espuma de poliuretano, continua sendo vendida sem restrição alguma, e sem nenhuma advertência. Permanecem as condições de se repetir tragédias similares.
A velocidade de propagação de incêndio nos veículos antes da explosão do combustível deve-se principalmente a espuma de poliuretano nos estofamentos e forrações internas. Todos os carros que o Brasil exportou para a Alemanha foram obrigatoriamente estofados com molejo e fibra de coco vulcanizada (e não blocos de espuma) processo que coordenei o desenvolvimento pela Companhia Teperman para Volkswagen e Mercedes Benz. Na Alemanha eles não são permitidos usarem espuma de poliuretano nos Mercedes, Audi e Volkswagen, mas no Brasil sim. Lá onde não tem nem coqueirais, nem seringais usam os da Malásia, aqui no Brasil a espuma de poliuretano não tem restrições. A mesma aqui já foi desenvolvida da mamona e com outras composições permitindo ser reciclada e até biodegradável, se houvesse restrições aos perigos e incentivo aos benefícios.
O lixo plástico é um problema de nossa civilização. Na Alemanha para fabricar um carro tem que ser reciclado outro.
Nos Estados Unidos, na década de 70 quando o incêndio de carros de passageiros do Metrô de San Francisco BART, dentro do túnel que, semelhante ao da Boate Kiss, as mortes foram por intoxicação pela espuma de poliuretano que a Companhia Teperman, sob minha responsabilidade, forneceu obedecendo especificações do Governo Americano.
Desde então lá é proibido estofamento com espuma de poliuretano para transporte coletivo, como ônibus, trens e metrôs.
Aqui quando fiz as especificações para os interiores dos ônibus Padron e Tróleibus para o GEIPOT, do Ministério dos Transportes, deixei bem claro que era proibido o uso de materiais que na combustão emanem gás tóxico letal. Mas o empresariado não obedece nos ônibus Padron e Tróleibus, embora financiado pelo Governo Federal.
Na democracia é onde são respeitadas as ordens e o direito da maioria, não confundir com a terra da impunidade e da permissividade, onde poderá acontecer incêndio em hospital com colchões e estofados de poliuretano em que os pacientes sem mobilidade serão intoxicados.
Quantos filmes estrangeiros você assistiu em que, o enredo é um roubo seguido de fuga para o Brasil?
Para locais públicos com mais de 100 pessoas carece no Brasil Lei Federal contendo proibição de materiais inflamáveis que na combustão emane gás tóxico letal. Ao assinar a internação em hospital ou hospedagem em hotel ou motel, deveria estar claro que está ciente que o referido estabelecimento obedece ou não a aqui proposta Lei Federal.
O amianto é conhecido como mineral que provoca o câncer. Em portos franceses não atraca navio que tiver amianto a bordo. O grupo belga Saint-Gobain é proprietário da Eternit e da Brasilit, que cobrem a grande parte das edificações nacionais. A quase totalidade de nossos arquitetos e engenheiros não sabem a diferença entre os produtos das 2 marcas. Os produtos Eternit têm amianto e os da Brasilit não.
Algumas poucas cidades brasileiras proibiram o uso do amianto por Lei Municipal, mas nenhuma fiscaliza. Todos os produtos que têm amianto deveriam estar proibidos de fabricação e, no mínimo, os existentes deveriam ter claramente visíveis e não removíveis advertência do perigo e fiscalização se estão em uso.
Quanto isto já custou à saúde pública? Quantas caixas-d’água em uso contém amianto?
O Código de Obras é municipal e poucas cidades têm possibilidade de elaborá-lo, a maioria adota o de São Paulo. Carece um básico federal, instrumentando vários procedimentos federais, como a Política Habitacional.
Esta é uma proposta ao CAU – Conselho de Arquitetura e Urbanismo que participa da luta, desde, sua criação na edificação de um Brasil melhor.

eng. arq. Vicente Bicudo
agosto/2013