Após o clamor nacional pela trágica
morte de 242 jovens, em Santa Maria no Rio Grande do Sul, foram feitos diversos
inquéritos resultando em indiciamento para condenações aos achados culpados.
Todos inquéritos foram sobre as
consequências do incêndio em prédio relativo ao alvará de funcionamento sem
rota de fuga, etc. Isto é, quem permitiu que funcionasse o local e quem iniciou
o fogo.
O causador das mortes e intoxicações, a espuma de
poliuretano, continua
sendo vendida sem restrição alguma, e sem nenhuma advertência. Permanecem as condições de se repetir
tragédias similares.
A velocidade de propagação de incêndio
nos veículos antes da explosão do combustível deve-se principalmente a espuma
de poliuretano nos estofamentos e forrações internas. Todos os carros que o
Brasil exportou para a Alemanha foram obrigatoriamente estofados com molejo e
fibra de coco vulcanizada (e não blocos de espuma) processo que coordenei o
desenvolvimento pela Companhia Teperman para Volkswagen e Mercedes Benz. Na
Alemanha eles não são permitidos usarem espuma de poliuretano nos Mercedes,
Audi e Volkswagen, mas no Brasil sim. Lá onde não tem nem coqueirais, nem
seringais usam os da Malásia, aqui no Brasil a espuma de poliuretano não tem
restrições. A mesma aqui já foi desenvolvida da mamona e com outras composições
permitindo ser reciclada e até biodegradável, se houvesse restrições aos
perigos e incentivo aos benefícios.
O lixo plástico é um problema de nossa
civilização. Na Alemanha para fabricar um carro tem que ser reciclado outro.
Nos Estados Unidos, na década de 70
quando o incêndio de carros de passageiros do Metrô de San Francisco BART,
dentro do túnel que, semelhante ao da Boate Kiss, as mortes foram por
intoxicação pela espuma de poliuretano que a Companhia Teperman, sob minha
responsabilidade, forneceu obedecendo especificações do Governo Americano.
Desde então lá é proibido estofamento
com espuma de poliuretano para transporte coletivo, como ônibus, trens e metrôs.
Aqui quando fiz as especificações para
os interiores dos ônibus Padron e Tróleibus para o GEIPOT, do Ministério dos
Transportes, deixei bem claro que era proibido o uso de materiais que na combustão
emanem gás tóxico letal. Mas o empresariado não obedece nos ônibus Padron e
Tróleibus, embora financiado pelo Governo Federal.
Na democracia é onde são respeitadas
as ordens e o direito da maioria, não confundir com a terra da impunidade e da
permissividade, onde poderá acontecer incêndio em hospital com colchões e
estofados de poliuretano em que os pacientes sem mobilidade serão intoxicados.
Quantos filmes estrangeiros você
assistiu em que, o enredo é um roubo seguido de fuga para o Brasil?
Para locais públicos com mais de 100
pessoas carece no Brasil Lei Federal contendo proibição de materiais
inflamáveis que na combustão emane gás tóxico letal. Ao assinar a internação em
hospital ou hospedagem em hotel ou motel, deveria estar claro que está ciente
que o referido estabelecimento obedece ou não a aqui proposta Lei Federal.
O amianto
é conhecido como mineral que provoca
o câncer. Em portos
franceses não atraca navio que tiver amianto a bordo. O grupo belga
Saint-Gobain é proprietário da Eternit e da Brasilit, que cobrem a grande parte
das edificações nacionais. A quase totalidade de nossos arquitetos e
engenheiros não sabem a diferença entre os produtos das 2 marcas. Os produtos
Eternit têm amianto e os da Brasilit não.
Algumas poucas cidades brasileiras
proibiram o uso do amianto por Lei Municipal, mas nenhuma fiscaliza. Todos os
produtos que têm amianto deveriam estar proibidos de fabricação e, no mínimo,
os existentes deveriam ter claramente visíveis e não removíveis advertência do
perigo e fiscalização se estão em uso.
Quanto isto já custou à saúde pública?
Quantas caixas-d’água
em uso contém amianto?
O Código de Obras é municipal e poucas
cidades têm possibilidade de elaborá-lo, a maioria adota o de São Paulo. Carece
um básico federal, instrumentando vários procedimentos federais, como a
Política Habitacional.
Esta é uma proposta ao CAU – Conselho
de Arquitetura e Urbanismo que participa da luta, desde, sua criação na edificação
de um Brasil melhor.
eng. arq. Vicente Bicudo
agosto/2013
eng. arq. Vicente Bicudo
agosto/2013