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segunda-feira, 9 de abril de 2012

Residência G. Lichtenberguer - 1980

 Maquete física feita em 1979 pelo habilidoso amigo Guilherme Mendes da Rocha









- O estudo e projeto acústico da casa em uma esquina de intenso movimento de veículos foi a parte dominante na solução do projeto, com resultado plenamente satisfatório. A casa é uma defensa acústica isolada dos dois lados das ruas e totalmente virada para o sol, aberta e envidraçada para os fundos. A casca e a forma dos muros foram baseadas nas defensas existentes nas cabeceiras do Aeroporto de Los Angeles, que têm solução notória em todo o meio aeronáutico e que foram executadas na mesma época – estudada pelo Bicudo – que também trabalhava em Los Angeles.


Dentro da casa não se ouve o ruído das ruas, conforme objetivo inicial.

- A forma concebida por Bicudo e pelos parceiros Miriam e Vitor Ayroza, teve a busca do abrigo atávico do útero à caverna como acolhimento, aconchego e ponto de reunião de tudo e de todos. Esta sensação é espontaneamente percebida com satisfação em seu interior, pela quase totalidade das pessoas que por ali estiveram.

- A escada foi feita em um único molde, os degraus foram concretados e colados com araldite na parede de concreto.

- Toda a instalação elétrica é eletrônica e possui várias dezenas de quilômetros de fios finos instalados com transruptores em automatização seqüencial monitorada por sensores. Na época não se conhecia edificação que possuísse este tipo de instalação ou similar. Projeto único do engenheiro eletrônico Roberto Mourão.



- O projeto da estrutura em concreto armado foi inovador, sendo uma série de pórticos radiais dispostos em uma espiral de Arquimedes. Sobre estes pórticos apóia-se uma casca semelhante ao setor da casca de um caramujo - em espiral de Arquimedes e em equação de 4º grau com dupla curvatura.


O calculista exigia junta de dilatação obedecendo às NB - Normas Técnicas Brasileiras. Como especialista em projetos estruturais, Vicente Bicudo responsabilizou-se pela obra e não realizou a junta de dilatação. Há 30 anos a casca pulsa, dilata e não teve nenhuma trinca. 
-  A construção da casca foi pelo processo jatocret ou concreto projetado, com apenas uma única fôrma de apoio com um patamar de apoio no bordo inferior. Com dois dutos; um de água e o outro com a mistura de areia, cimento, pedra e aditivo de pega. Com a pressão e distâncias dos dutos calculadas e testadas, foram sendo sobrepostas fiadas horizontais como se assentam paredes de tijolos. Começava a concretagem pelo lado oeste e quando chegava ao leste, já estava enrijecido o outro extremo, em condição de suportar o peso de outra fiada - conforme havia sido calculado o aditivo de pega.


Toda a casca fora concretada em apenas 08 horas, com a rua interditada para que, em uma arquibancada, se acomodassem estudantes e seus professores da USP, arquitetos e engenheiros. Todos acompanharam a cena com fotografias e filmagens.
Pelo rigor do planejamento e das fôrmas construídas, obedecendo a ábacos de geometria, não ficou uma única falha nem na execução, nem na forma geométrica em equação de 4º grau.


- A construção exprime a tecnologia e economia da época em que foi feita-1980.