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segunda-feira, 1 de julho de 2013

O DONO DA VERDADE


A VERDADE ESTÁ À MÃO DE TODOS, MUDANDO O MUNDO

Dos pergaminhos ao celular com internet e câmera
O DONO DA VERDADE

O governo é estruturado em três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Na democracia, por definição, o poder é emanado do povo, que os elege, exceto o judiciário que em geral é desvinculado da legitimidade democrática. O QUARTO PODER é a COMUNICAÇÃO. A verdade é um fato e sua transmissão terá tantas verdades quanto forem seus intérpretes. A transmissão oral antigamente se perdia no ar, a Escrita preserva a integridade da informação, que se metamorfoseia na transmissão. "Verba volant, scripta manent", do latim "A palavra voa e a escrita permanece".

A escrita tirou o homem da Pré-História iniciando a História. Através da Escrita é que foram estruturadas as coletividades da humanidade. O incêndio da biblioteca de Alexandria, no fim do reinado de Cleópatra, foi perda total de informações – eram obras únicas em papiros e pergaminhos. O que se conhece da Atlântida estava em texto de Platão. Boa parte da geometria plana ou Euclidiana conhecida até hoje, estava nos livros que Euclides escreveu, dos quais cinco nunca foram achados. O que eles continham?

Gutenberg em 1453 inventa a imprensa, com o que divulga multiplicando a informação. O que antes era privilégio de poucos com os pergaminhos ou papiros, a imprensa possibilitou o conhecimento por muitos simultaneamente.
Entre 1515 e 1517 Martinho Lutero publicou 95 teses nas quais protestou contra diversos pontos da doutrina da Igreja Católica, propondo a reforma no catolicismo; do que gerou em 1521 a Reforma da Igreja Católica e nasceu o Protestantismo como propugnava João Calvino. O qual achava que eram tantas modificações que era mais lógico fundar uma nova Igreja católica.
O latim não era ensinado ao povo, que praticamente, não entendia o que era falado pelos padres e nem conseguia ler a Bíblia. A Igreja era a Dona da Verdade. A tradução da Bíblia do latim para o alemão: "Novo Testamento" em setembro de 1522, sem autorização eclesiástica, suplantou as anteriores pela sua difusão por meio da imprensa. Com apoio dos governos o Protestantismo atingiu a Suíça, França, Países Baixos, Reino Unido, Escandinávia e algumas partes do leste europeu, principalmente os países bálticos e a Hungria, separando-os do poder da Igreja Católica Romana.
Sem a existência da imprensa aconteceu o Obscurantismo na Igreja Católica, que compreende a papisa Joana, que morreu como papa João XXIII, após dar a luz em público; as Cruzadas; Papa Sergio III; o processo contra Galileu e a Inquisição.

Foi a imprensa escrita o primeiro meio de comunicação de massas, influiu na Reforma da Igreja Católica; foi tribuna da República e do fim da Escravatura; e berço da Declaração dos Direitos Fundamentais do Homem.
Toda ditadura historicamente teve como principal opositor a imprensa escrita, Joaquim Nabuco, Adolfo Bloch, Niomar Moniz Sodré com o Correio da Manhã, e os versos no O Estado de São Paulo, são exemplos nacionais que têm de ser sempre lembrados às novas gerações.

Após a descoberta da eletricidade veio o telégrafo e o telefone, que pela primeira vez uniu o mundo com a notícia instantânea, porém servindo a poucos. A Guerra Fria com arsenais atômicos tinha como última barreira o telefone vermelho ligando a Casa Branca ao Kremlin. Em 1931, Getúlio inaugurou o Cristo Redentor ao ser iluminado por um sinal elétrico emitido na Itália por Marconi, o inventor do rádio. Em 1961, Gagarin emitiu a primeira voz do homem vindo do espaço pelo rádio: "a Terra é azul, ela é linda.".

O rádio democratizou a informação, atingindo as massas, mas controlado pelo Estado e na mão de poderosos. Em 1938 George Orson Welles produziu transmissão radiofônica "A Guerra dos Mundos", famosa mundialmente por provocar pânico nos ouvintes. Em tom jornalístico com sonoplastia, um exército de outro mundo desembarcava em nosso planeta.
A Segunda Grande Guerra foi acompanhada pelo mundo através do rádio. Os discursos de Hitler, o Repórter Esso, A Hora do Brasil, a BBC de Londres e a Voz da América. A história era entregue a todos pelo Rádio. Mas mil palavras não substituem uma imagem, e a história foi feita com fotografias de Henry Cartier Bresson, Robert Capa, vários fotógrafos e filmes documentários. A notícia imediata pelo rádio e a documentação histórica em fotos e cinema. "Se é foto é fato".
James Nachtwey na revista Time historiou guerras na Nicarágua, Líbano, Ruanda e Kosovo; ele se decidiu por essa profissão ao ver a foto de Nick Ut, da menina vietnamita incendiada por napalm.
José Saramago, único prêmio Nobel da língua portuguesa, escreveu o livro Terra, fartamente ilustrado com fotos do Brasil por Sebastião Salgado.
Mas muitos mesmo são os livros e filmes que documentam a História.

A televisão ao vivo transmitiu ao Brasil Juscelino inaugurando Brasília e, anos depois, ao mundo a Descida do Homem na Lua.
A TV Globo fabricou um Caçador de Marajás, elegeu o presidente da República e o derrubou por impeachment.
O filme "Quarto Poder" de Costa Gravas, com John Travolta e Dustin Hoffman mostra como uma emissora de televisão, com editorações diferentes das mesmas reportagens, fabrica um herói e depois transforma-o em bandido. São leituras diferentes com meias verdades do mesmo fato, fabricadas conforme os interesses pessoais.

Documentários cinematográficos que revelam fatos importantes ocultados da opinião pública pelos órgãos e veículos de informação, exemplificando:

- Mera Coincidência, 1997. Dir. Barry Levinson.
- Corações e Mentes, de Peter Davis 1974, Oscar como melhor documentário.
- O Poder das Mulheres na Igreja, da BBC de Londres, exibido pelo History Channel, contando sobre a papisa João XXIII.
- JFK - A Pergunta Que Não Quer Calar, 1991 de Oliver Stone. Ganhou dois Oscars.
- Jango, feito por seus filhos Denise e João Vicente Goulart, 1984, Dir. Silvio Tendler.
- Vídeo do Youtube provando que foi um míssil tipo Pershing e não um Boeing que atingiu o Pentágono no dia 11 de setembro,.

Foi a imprensa do governo Bush, concentrada na mão de poucos e poderosos, que divulgou duas mentiras para justificar a invasão do Iraque: que Sadan tinha armas para destruir o planeta e que sua morte pacificaria as etnias do país. A estréia do celular com câmera no Youtube escandalizou o mundo com as torturas de Abu Grabi e Guantánamo, alem de desmentir a existência no Iraque de qualquer arma ameaçadora ao mundo. Foi uma revolução, desacreditando o Controle da Opinião Pública, semente do Big Brother em 1984 de George Orwell; sepultando politicamente um poderio econômico, substituindo-o por um professor universitário classe media e negro Barack Obama. A Internet na campanha eleitoral de Obama substituiu postulações do poder econômico e militar por proposições sociais de democratizar a saúde e a educação entre outras.
Nas prévias eleitorais, Hillary Clinton, mobilizando a mídia com alto custo, lotava ginásios com 2 mil pessoas. Enquanto Obama, pelo Twitter, Facebook e Youtube, enchia praças com mais de 10 mil pessoas a custos bem menores. Essas redes estão mudando nossas campanhas eleitorais.

        Quanto ao Big Brother de Orwell, agora revelado ao mundo por Edward Snowden, foi também interceptando ligações telefônicas e mensagens de internet que a Raytheon americana venceu a concorrência governamental do SIVAM, Sistema de Vigilância da Amazônia. Usado desde 1970, foi o sistema Echelon da NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA) denunciado na Câmara dos Deputados em 2001 pelo ministro de FHC gen. Gilberto Cardoso e confirmado lá em 2008 pelo engenheiro Otávio C. Cunha da Silva da ABIN. Como dizia o brigadeiro Eduardo Gomes em sua campanha para presidente em 1950: "O preço da liberdade é a eterna vigilância".

        As redes de Blogs, Twitters e Facebooks revolucionaram as comunicações ao serem debates com participes ativos, ao contrário do rádio e televisão, que são monólogos aos passivos ouvintes e telespectadores. 

O Brasil tem milhões de celulares, superando a sua população. Usando computadores, lan houses, celulares, tablets com Internet, pelo IBOPE, são mais de 102 milhões de brasileiros que têm acesso à internet. O acesso à verdade está na mão de todos. O comércio já é predominado pela Internet desde os veículos, eletrodomésticos, materiais para construção, escolha de empregos e até de parceiros sexuais. Seus possuidores constituem uma CLASSE MÉDIA estruturada em redes sociais de Twitter e Facebook que possibilitou mobilização popular nas manifestações de junho de 2013 em todo o país, façanha impossível aos partidos políticos e sindicatos que são estruturados e dialogáveis através das lideranças. Aos partidos faltam bandeiras que expressem o povo. Esta CLASSE MÉDIA tem instrução e não se cala com "pão e circo" ou futebol e carnaval. Ela quer prioritariamente saúde, educação e transporte; e cobra uma moralidade sonhada dos políticos ensimesmados nos próprios salários, reeleição, loteamento de cargos, chapa fechada, etc.

       Estranho, muito estranho, o comportamento tático das tropas de choque que formam barreira afrontando os manifestantes. Para coibir os vândalos e arruaceiros infiltrados teriam que cercar, separar e prender identificando-os. O que nunca foi feito, permitindo as manifestações serem abominadas pelo povo. Estranho, muito estranho, vocês não acham que todas depredações o Governo poderia ter evitado?

Todos os principais jornais disponibilizam versão digital na internet, sendo que alguns outros como o Newsweek, The Economist, após essa transição extinguiram a forma impressa, aumentando a quantidade de leitores alcançáveis, com uma logística mais eficiente e a menor custo. Vários jornais impressos de empresas viraram sites e blogs com maior alcance a custos menores.

   A Internet com notebooks sem fio, celular com câmera, smartphones, IPod  e tablets, todos filhos da REVOLUÇÃO FOTÔNICA, desnudou a mídia sendo seu maior onbudsman, está criando novos hábitos, eliminando falsas rivalidades, unindo pensamentos dos povos do mundo, construindo o escrito por McLuhan, iniciado pelo rádio e evoluído pela televisão: A ALDEIA GLOBAL.

         A Primavera Árabe transitou e se desenvolveu pelos tablets e smartphones através das redes e mídias sociais, como: Twitter, Facebook e Youtube... Com revoluções na Tunísia e no Egito; guerra civil na Líbia e na Síria; protestos na Argélia, Bahrein, Djibuti, Iraque, Jordânia, Omã, Iémen, Kuwait, Líbano, Mauritânia, Marrocos, Arábia Saudita, Sudão, Turquia e Saara Ocidental. Na Turquia a reivindicação é contra o projeto de reurbanização do parque Gezi e da praça Taksim, pelo que dezenas morreram defendendo o meio ambiente.

          A democratização da verdade tem todos os riscos das liberdades democráticas. Daí a importância estratégica da educação, da verdade e dos meios de comunicação. Foi o mais brilhante aluno da Academia de West Point, o Gen. Westmoreland, que ao discutirem qual a arma que daria a vitoria na guerra do Vietnã, ele respondeu:  "Os Corações e as Mentes do Povo Vietnamita determinarão o destino do Vietnã".
E assim foi. 

É a democratização da VERDADE, a mais consistente construção da PAZ. 


eng. arq. Vicente Bicudo

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*Este artigo também está disponível no Blog FOTÔNICA SÉCULO 21

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