Em 1965, a maioria da população já tendo geladeira, fogão a gás, liquidificador, ferro elétrico, televisão... estava havida a modernizar a sala, onde inúmeras empresas brigavam pelo mercado, entre elas: Probel, Luis XV, Epeda e a Cia. Teperman.
Bicudo idealizou fazendo todo um acompanhamento de eficiência e custos de produção, comercialização e consumo durável em três técnicas então possíveis de produção:
1. Conjunto Tep-Rol
Sofá-cama e poltronas em que um retângulo de madeira no qual é preso transversalmente com molas sinuosas (mais barato molejo). Essa armação era semelhante a cama mais barata que a célebre Faixa Azul fez, mais vendida e a primeira cama padronizada do Brasil. O dono da Faixa Azul padronizou a cama em combinação com o sr. Isac Teperman, que assim pode padronizar, pela primeira vez no Brasil, os colchões que fabricava.
Primeiro produto na CTE Teperman em homenagem à mãe dos meus filhos |
Sobre essa cama de madeira, a mais barata, colocou almofadas, sendo cilíndricas as laterais para dar um toque clássico. Bastava remover as almofadas, estava armada a cama. Os pés torneados como eram os da Faixa Azul, porém o Bicudo baseou-se no taco de beisebol, em que a ponta é de domínio da mão.
Toda marcenaria seria feita na fábrica da CTE Teperman do Brás, exceto os pés que seriam terceirizados para tornearias;
Toda marcenaria seria feita na fábrica da CTE Teperman do Brás, exceto os pés que seriam terceirizados para tornearias;
2. Tep-TV
Feita a primeira pesquisa de mercado sobre o mobiliário de sala pago pelo conjunto de fábricas concorrentes acima citadas; revelou que toda sala tinha um sofá em frente à televisão e os donos da casa sentavam numa poltrona e com o pescoço girando conversavam com a visita no sofá e assistiam televisão. O movimento do pescoço, Bicudo transferiu para a base da poltrona com um mecanismo simples ao descobrir a propriedade deslizante entre a chapa de bronze fosforoso e o aço, feito este muito elogiado quando trabalhou na Rohr, em San Diego. A estrutura em casca de compensado prensado foi influenciada pela transferência de know-how da Herman Muller para aqui se produzir a poltrona mais célebre de Charles Eames que o Tep-TV tem muita influência.
Nesta mesma época duas firmas instalavam prensagem de compensado de madeira curvado: L'Atelier de Jorge Zalszupin e Probjeto de Leo Seincman. Esta técnica de móveis em compensado prensado foi glorificada pelos arquitetos Alvar Aalto, Arne Jacobsen, Charles Eames e a nossa espreguiçadeira de Oscar e Ana Maria Niemeyer.
Toda marcenaria seria terceirizada no L'Ateliêr, ferragens na CTE Teperman e tapeceria a ser analizada entre CTE Tperman e L'Ateliêr.
Toda marcenaria seria terceirizada no L'Ateliêr, ferragens na CTE Teperman e tapeceria a ser analizada entre CTE Tperman e L'Ateliêr.
3. Fofinho
Primeiro conjunto de sala produzido no Brasil, com estrutura tubular de aço, com as partes parafusadas lançando três produtos:
1° Duraplac Jacarandá da Duratex, onde na linha Mole que Sérgio Rodrigues lançou era Jacarandá da Bahia maciço;
2° Courvin (laminado PVC acoplado em poliuretano expandido sobre malha de jersey), onde na linha Mole de Sérgio Rodrigues era couro;
3° Lona tensionada com molas, tipo cama elástica, sob o assento, onde na linha mole era percintas de couro.
O arquiteto Sérgio Rodrigues ganhou o primeiro prêmio de mobiliário na Exposição de Cantu, na Itália, era dono da revista Senhor, com seu sucesso criou a fábrica de móveis OCA.
Vicente Bicudo não tinha poder de mídia para lançar uma moda internacional como o fez Sérgio Rodrigues, com a linha Mole. A opção foi lançar um mobiliário produzido em grande quantidade, como quem imprime um jornal, pegando a base da pirâmide do mercado, onde reside a maior quantidade de consumidores e não o pico da pirâmide, com preços mais altos e um público infinitamente menor, que era a faixa de mercado da OCA.
Bicudo não concorreu com Sérgio Rodrigues, "foi de jacaré na onda desse", traduzindo ao grosso da população a moda da elite.
Os preços baixíssimos geraram filas de compradores nas promoções dos grandes magazines com crediário, haviam lojistas nas filas de compra para levar para cidades distantes. Em três meses foram produzidos 4.500 conjuntos que tiraram a Cia. Teperman de uma provável concordata.
Na época, a Cia. Teperman tinha duas fábricas: uma de móveis feitos com madeira, e outra fábrica automobilística de bancos em estrutura tubular de aço. Com os conjuntos Fofinho, Bicudo provou que era mais racional a industrialização na fábrica automobilística, mais rentável, cobriria as oscilações da demanda automobilística com linha de móveis Fofinho e a poltrona de auditório CTE, eliminando a antiga e antieconômica fábrica de móveis de madeira, que mais parecia uma corporação artesanal concorrendo contra fabriquetas de fundo de quintal que não pagavam sequer impostos e encargos sociais aos empregados, impossível concorrer contra elas.
Até recentemente, encontravam-se conjuntos originais destes pela sua alta durabilidade.
Toda sua produção foi planejada e executada na fábrica automobilística CTE Teperman.
CONCLUSÃO
Analisados os resultados comparativos dos três produtos: Tep-Rol, Tep-TV e Fofinho, decidiu-se: eliminar o Tep-Rol; fabricar o Fofinho e propus uma produção cooperativa entre L'Atelier e Cia. Teperman para produzir o Tep-TV. Zalszupin veio para isso almoçar na Cia. Teperman e retribuiu um almoço no L'Atelier para mim e dr. Marcos Ocougne. A ideia evoluí para uma proposta que apresentei no segundo almoço com a concordância do proprietário juntar a Marfinite para montarmos essa ação cooperativa para certos produtos.
Dr. Marcos Ocougne acionariamente partícipe, tanto de Cia. Teperman como de Móveis Teperman, cujo grupo tinha apenas 25% da Cia. Teperman, impediu este Consórcio. Inicialmente L'Atelier usou em poltronas de auditório o cinzeiro que idealizei, como nas poltronas de auditório do Plenário da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul. Depois, L'Atelier realizou a minha proposta formando a FORSA com Hévea, substituindo a Marfinite, e Ferragens Brasil, substituindo a Cia. Teperman.